SANTARÉM/PA- GANÂNCIA FOI A MOTIVAÇÃO DE DIONAR PARA MATAR CASAL SANTARENO
NSUSSUARANAMAIO 04, 2020
Crime foi arquitetado em duas fazendas na região do planalto
santareno. Outras três pessoas estariam envolvidas e são
procuradas pela polícia.
Por Sílvia Vieira e Kamila Andrade, G1 Santarém — PA
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Alessandro Gomes (Mineirinho), Valdileno Fraga (Preto) e Aline Maiara Ribeiro dos Santos
são procurados pela polícia
Foto: Polícia Civil/Divulgação
O que levaria um amigo a planejar a morte de outro? Segundo a
Polícia Civil de Santarém, oeste do Pará, a ganância. Essa teria
sido a principal motivação do assassinato do empresário Iran
Parente e de sua esposa Josielen Maciel Prezza, em 27 de fevereiro
deste ano. O suposto mandante preso no domingo (3), é
de “amigo” era o homem de confiança de Iran Parente.
Detalhes sobre a investigação que levou à prisão de Dionar e
o pedido de prisão de outras três pessoas que são consideradas
foragidas: Alessandro Gomes da Silva (Mineirinho), Aline Maiara
Ribeiro dos Santos (companheira de Mineirinho) e Valdileno
Fraga Dias (Preto), foram revelados durante coletiva de imprensa
na manhã desta segunda-feira (4), na 16ª Seccional Urbana de
Polícia Civil. Dionar queria documentos que estavam em poder
de Iran.
“O Iran começou a vida como camelô e em 20 anos conseguiu
angariar uma grande fortuna. O Iran atuava na prática
da agiotagem, emprestava dinheiro e pegava garantias como
cheques, notas promissórias, documentos de imóveis e
documentos de veículos. Levava tudo isso em uma mochila.
O Erik Renan foi contratado para matar o Iran e pegar
uma pasta de documentos, e se a Josielen estivesse junto
era pra ser morta também”, contou delegado Gilvan.
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Dionar Nunes Cunha Junior foi preso suspeito de mandar matar empresário em Santarém
— Foto: Redes Sociais/Reprodução
Segundo o delegado titular da Especializa de Homicídios,
Gilvan Almeida, o crime teria sido planejado nas fazendas
Barbosa e Haras Barbosa, ambas no planalto santareno. No
Haras Barbosa, teria sido adquirida a motocicleta usada
por Erik Renan Oliveira Carvalho, conhecido como “Calanguinho”
e Valdileno Fraga Dias, conhecido como “Preto”, apontados
como executores do duplo assassinato. Erik foi preso no dia
28 de fevereiro, mesmo dia em que os corpos do empresário
e sua esposa foram encontrados. Ele entregou o esquema, mas
informou que não sabia o nome do mandante.
Erik informou à polícia, no entanto, que sabia que o mandante
era pessoa de confiança de Iran e tinha livre acesso à casa da
vítima, porque tinha informações privilegiadas sobre a rotina do
empresário.
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Haras Barbosa é um dos locais onde Alessandro Gomes, o Mineirinho,
negociavam o crime com "Calanguinho" e "Preto"
Foto: Polícia Civil/Divulgação
As fazendas pertencem a Davi Barbosa, que é sócio de Dionar
Junior em dois postos de combustíveis. Mas, de acordo com a
polícia, não há indícios do envolvimento dele no duplo homicídio.
“Ele (Davi) foi investigado, assim como todos que tinham relação
com a vítima Iran, no entanto, não há elementos de prova que
indiquem a participação de outros envolvidos, ou seja, da
existência de um consórcio”, explicou o delegado Gilvan Almeida.
No curso das investigações, a polícia descobriu que Alessandro
Gomes da Silva, conhecido como “Mineirinho” ou “Toninho”,
funcionário da Fazenda Barbosa se associou a Dionar na empreitada
criminosa contra Iran Parente. Era nos locais de trabalho de
“Mineirinho” que aconteciam os encontros com Dionar para tramar
a morte do empresário. Foi também na Fazenda Barbosa e no
Haras Barbosa que a negociação com os executores “Calanguinho”
e “Preto” foi feita diretamente por “Mineirinho”, Dionar não
teve contato pessoal com a dupla.
Segundo o delegado, o Erick (Calanguinho) já era conhecido
pela prática de furtos e roubos. Erik relatou à polícia que ele
e e Valdileno (Preto) receberiam R$ 10 mil para pegar a
pasta com os documentos que a vítima carregava em uma mochila.
Mas, só era pra executarem a vítima se encontrassem a pasta. O
que foi feito. Já Alessandro receberia R$ 100 mil para
intermediar a contratação dos executores.
Na Fazenda Barbosa, a polícia encontrou a motocicleta
usada por “Calanguinho” e “Preto” para chegarem à casa
de Iran, na comunidade Boa Esperança onde o empresário e sua
esposa foram rendidos no dia 27 de fevereiro. A mochila do
empresário com os documentos que Dionar queria, foi entregue
por “Preto” ao intermediário do crime, “Mineirinho”. A mochila
também foi encontrada na fazenda Barbosa, dois meses após
o crime.
De acordo com o delegado, a mochila foi encontrada pelo
proprietário da fazenda, que acionou seu advogado para fazer
a entrega do objeto à polícia, como forma de colaborar com as
investigações.
"A pasta que estava na mochila de Iran foi levada por Preto
(Valdileno), logo depois do crime, para a Fazenda Barbosa, onde
foi entregue para Alessandro, que levou a pasta para
mandante. Funcionários da fazenda presenciaram isso. E a mochila
da vítima, com os documentos de identidade e alguns outros
foi encontrada nessa fazenda quase dois meses depois, a 600
da sede e entregue pelo advogado do proprietário na delegacia",
explicou o delegado.
Ainda segundo o delegado Gilvan Almeida os outros três
envolvidos no duplo homicídio estão com mandado de prisão
em aberto. Se alguém tiver informações que possam levar
ao paradeiro de Alessandro Gomes da Silva (Mineirinho), Aline
Maiara Ribeiro dos Santos (companheira de Mineirinho) e
Valdileno Fraga Dias (Preto) pode informar à polícia via Niop
no número 190 ou disque denúncia no número 181.
Motivação e frieza
Durante a coletiva, o delegado Gilvan Almeida revelou que
foi a partir da amizade de Dionar com Iran, que o suposto
mandante do crime deixou a vida de servidor público
para se tornar empresário.
"Dionar era servidor do Inmetro, e segundo familiares de Iran,
após o início da amizade dos dois, ele se tornou sócio do Davi
Barbosa em dois postos de combustíveis. Ele também era
proprietário de uma serralheria e de uma distribuidora de
combustíveis. Dionar também tinha um posto com um
empresário de Itaituba, avaliado em R$ 10 milhões, que havia
sido dado como garantia de empréstimo a Iran, motivos esses
que nos levam a crer que o levaram a encomendar as mortes
de Iran Parente e sua esposa Josielen", revelou delegado Gilvan.
Uma segunda mochila do empresário com alguns documentos
e cheques foram encontrados em outra mochila na casa de
parentes de Iran, onde havia cerca de R$ 2,7 milhões em
cheques de Dionar. Além de documentos do posto de combustíveis
que fica em Itaituba, entregue em garantia no nome de Dionar,
avaliado em R$ 10 milhões, um contrato de compra e
venda e uma procuração.
Outro fato que chamou a atenção da polícia foi a frieza de
Dionar Junior após as mortes que ele teria encomendado.
Ele foi ao velório e acompanhou o sepultamento de Iran Parente.
O que é a ganância
Ganância é um sentimento humano que se caracteriza pela
vontade de possuir tudo que se admira para si próprio. É a
vontade exagerada de possuir qualquer coisa. É um
desejo excessivo direcionado principalmente à riqueza material,
nos dias de hoje pelo dinheiro. Contudo é associada
também a outras formas de poder, tal qual influencia
as pessoas de tal maneira que seus praticantes chegam
ao cúmulo de corromper terceiros e se deixar corromper,
manipular e enganar chegando ao extremo de tirar a vida
de seus desafetos. Muitas vezes é confundida com ambição.
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