ATÉ QUANDO VAMOS TER QUE SUPORTAR ESSE TRASTE?
Por Henrique Coelho, G1 Rio
Polícia e MPRJ afirmam não ter dúvida
de que a deputada arquitetou o plano para matar o marido, o pastor
Anderson do Carmo; tentativas começaram em 2018, com envenenamento, até a
execução.
A Polícia Civil do RJ e o Ministério
Público do Rio de Janeiro (MPRJ) afirmaram, durante entrevista coletiva
da Operação Lucas 12,
nesta segunda-feira (24), que não há dúvida de que a deputada federal Flordelis (PSD-RJ) é a autora intelectual da morte do marido, o pastor
Anderson do Carmo.
O plano, segundo as investigações,
começou em maio de 2018, com um envenenamento em doses por
arsênico ou cianeto, e terminou com a execução. O pastor foi morto com mais de 30 tiros em
16 de junho de 2019, na porta de casa.
"Flordelis,
além de arquitetar todo esse plano, financiou a compra dessa arma, convenceu
pessoas a realizar esse crime, avisou sobre a chegada da vítima ao local e
tentou ocultar provas. Não resta a menor dúvida de que ela foi a autora
intelectual, a grande cabeça desse crime", afirmou o delegado Allan
Duarte.
A deputada, segundo uma das
interceptações da investigação, teria dito que não poderia se separar de
Anderson.
“Quando ela fala com um dos filhos
sobre os planos de matar Anderson, ela disse: ‘Fazer o quê? Se eu separar dele,
vou escandalizar o nome de Deus’”, afirmou o promotor Sérgio Luiz Lopes
Pereira, do Grupo de Atuação Especializada e Combate ao Crime Organizado
(Gaeco) do Ministério Público.
Segundo o MPRJ, Flordelis também foi
denunciada por associação criminosa, feita para matar o pastor Anderson.
“Uma
associação criminosa que começou para matar por envenenamento, depois por arma
de fogo, e por último para fraudar as investigações, com uso de
contrainformações”, finalizou o promotor.
Flordelis não pôde ser presa por causa da imunidade parlamentar -- quando somente
flagrantes de crimes inafiançáveis são passíveis de prisão. Agentes prenderam
nove pessoas pelo envolvimento no crime.
Envenenamento gradual
O promotor explicou ainda que as tentativas de envenenamento contra o pastor
Anderson do Carmo começaram em maio de 2018,
utilizando arsênico.
“O envenenamento foi feito de forma
gradual, sucessiva. O arsênico era posto na comida do pastor de forma
dissimulada", disse Sérgio Luiz.
"Até
2019, ele teve várias passagens na emergência de hospitais de Niterói, com
diarreia, vômitos, sudorese, e se tratando como se fossem outras coisas”,
explicou o promotor.
O que diz a defesa da deputada
A jornalistas na delegacia, o
advogado Anderson Rollemberg disse ter ficado surpreso.
“A defesa foi surpreendida com essas prisões
preventivas das cinco filhas da deputada e da neta. Tomaremos conhecimento do
que há de indícios para que essas prisões fossem feitas e para o indiciamento
da deputada, já que na primeira fase da investigação, passou longe de qualquer
prova que a apontasse como mandante", afirmou.
"A
deputada está muito aborrecida e chateada com tudo que está ocorrendo porque
tem com ela a inocência. Jamais foi mandante desse crime bárbaro",
destacou.
Segundo o advogado, Flordelis não
tinha ingerência sobre o dinheiro da família. "Ela é cantora gospel, líder
religiosa e parlamentar federal. A questão dela sempre foi dar o melhor para os
necessitados. Por isso tinha mais de 50 filhos. Na opinião da defesa, está
havendo um grande equívoco no desfecho desta investigação”.
Flordelis não pode deixar o país
Segundo determinação da juíza Nearis
dos Santos Carvalho Arce, a deputada não pode se ausentar do país sem
autorização judicial ou transferir sua residência para outra cidade. Ainda
segundo a magistrada, Flordelis está proibida de manter contato com qualquer
testemunha ou com os outros réus.
“Afastada a possibilidade do decreto
prisional por força da imunidade constitucional, resta a possibilidade de
decretação de medidas cautelares diversas da prisão, que igualmente visam a
resguardar a ordem pública e garantir a conveniência à instrução criminal, de
forma a garantir a regularidade do processo”, diz a decisão.
-Colaboração Franco e Franco
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