Não existe qualquer vestígio de que na travessa Pirelli, 74, bairro Salvação, tenha funcionado um dia alguma empresa. Muito menos uma construtora do porte da DPV Engenharia e Serviços, que nos últimos meses ganhou várias licitações milionárias na Semed (Secretaria Municipal de Educação), para reforma e construção de escolas em Santarém (PA).
É nesse endereço que a empresa está cadastrada na Receita Federal. No cadastro, consta ainda que ela foi criada em setembro de 2012, com capital social de R$ 2 milhões e tem como sócios Alexandre Xerfan Monteiro Duarte e Winglen Ferreira Meneses.
- Cartas marcadas: Cartel nas licitações da Semed em Santarém, denuncia empresário.
- Advogado José Maria Lima: Empresa desiste de obra de R$ 1,5 mi; serviço cai no colo de construtora de advogado de Lira Maia.
A DPV Engenharia é apontada como uma das empresas que fazem parte de um cartel de construtoras que são contempladas com a maioria das obras e serviços de engenharia licitados pela Semed.
O que nela mais chama atenção é o seu engenheiro-chefe: Douglas Jordan de Almeida Costa.
Na prática, é ele quem comanda a empresa, ainda que no papel seu nome não apareça na sociedade. Ele costuma representá-la em licitações, fiscaliza obras e chega até assinar contratos da DPV com o governo municipal.
Douglas Jordan tem pedigree político. É filho do vereador Erasmo Maia (União Brasil), sobrinho do ex-prefeito Lira Maia, que controla há 7 anos a Semed. Maria José Maia foi indicada para dirigir a pasta por exigência do ex-prefeito. Eles são irmãos – e tios de Douglas.
Pirelli 74, Salvação
O JC se dirigiu na terça-feira (19) ao bairro Salvação, travessa Pirelli, 74, para conhecer a DPV e ouvir os donos da empreiteira. Foi preciso ligar o GPS para encontrar o endereço por conta da dificuldade em localizá-lo.
Depois de cerca de 2 horas, a reportagem do portal chegou ao local.
Rua sem calçamento, em terra batida, areia e buracos, a Pirelli no número 74 é um imóvel cercado e coberto de um espesso matagal.
Vizinhos do terreno disseram que nenhuma empresa, em qualquer tempo, funcionou no local. Desconhecem também quem é o proprietário.
No imóvel, sem qualquer construção, não há nada erguido que abrigue o escritório onde Douglas Jordan e o Winglen Meneses costumam aparecer, sentados à mesa, em meio a papeis, notebooks, celulares, entre outros objetos, nas redes sociais para mostrar que estão na luta diária de suor e muito trabalho.
O JC tentou contato com os sócios da DPV Engenharia e o engenheiro Douglas Jordan, mas não conseguiu localizá-los. O espaço permanece aberto para manifestação deles, quanto, então, essa matéria será atualizada.
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