Depois de 23 dias de ocupação da Secretaria de Educação do Pará, 25 povos Indígenas, unidos a Quilombolas e professores, fizeram o governador recuar dos ataques à educação e aos territórios, mas as lideranças prometem manter a mobilização até que os direitos estejam garantidos. Para os povos da Amazônia, a conferência do clima já começou
Surara! O pequeno guerreiro Enzo Arapiun estava frente a frente com Helder Barbalho. A poucos metros dali, do lado de fora do palácio do governo, Indígenas, Quilombolas e professores protestavam juntos no meio da avenida Almirante Barroso. Entre eles e o prédio, o estado enfileirou 63 policiais militares, 19 viaturas e 14 motos. Auricelia Arapiun, mãe de Enzo, levou a criança para mais perto do herdeiro da oligarquia Barbalho. Perguntou se Helder se lembrava do menino. Ele não lembrou. Dois anos antes, Enzo Arapiun havia entregado a faixa ao governador reeleito com 70% dos votos durante a posse em Santarém, no oeste do estado. Dessa vez, Enzo pediu a faixa de volta e entregou a Helder Barbalho uma grande caneta de papel feita na ocupação. Auricelia passou as instruções:
“Essa caneta é pro senhor revogar a lei e pro senhor assinar a exoneração do secretário (de Educação)”.
Era noite de 28 de janeiro e uma tempestade desabava sobre Belém, cidade-sede da próxima Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, a COP-30. A chuva não impediu os Indígenas de seguir com seus rituais.
“Vamos dançar, balançar o catimbó. Eu vou trazer Helder Barbalho amarrado no cipó.”
Mais de uma semana depois, em 5 de fevereiro, trouxeram: o “Rei do Norte”, como Helder Barbalho é conhecido no Pará, assinou um termo de compromisso garantindo a Indígenas, Quilombolas e professores que enviaria ao parlamento do estado um projeto de lei para revogar a lei 10.820, o Estatuto do Magistério, que retira direitos de professores e ameaça o acesso à educação de Indígenas e populações tradicionais. O projeto de lei também retomaria a validade de outras cinco leis que tinham sido anuladas pelo Estatuto do Magistério.
FONTE/CRÉDITOS: Guilherme Guerreiro Neto,
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Guilherme Guerreiro Neto,

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