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Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024
FORTE ESTIAGEM NA REGIÃO CASTIGA POPULAÇÕES RIBEIRINHAS, E POPULAÇÃO INDÍGENA MAIS VULNERÁVEL, APESAR DA RESISTÊNCIA,   MOSTRA-SE MAIS ATINGIDA.

CIDADANIA
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FORTE ESTIAGEM NA REGIÃO CASTIGA POPULAÇÕES RIBEIRINHAS, E POPULAÇÃO INDÍGENA MAIS VULNERÁVEL, APESAR DA RESISTÊNCIA,   MOSTRA-SE MAIS ATINGIDA.

Estiagem e a fome sentada à mesa.

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JACAREACANGA (PA), 27Ago’2024 às  11h30’ – Os Rios Teles Pires ou  São Manuel  que nasce  no Estado do Mato Grosso nas Serras Azul e do Finca Faca, juntamente com o Rio Juruena que nasce no Cerrado em confluência com a Serra dos Parecis/MT se encontram  em frente ao centenário  aglomerado humano Barra de São Manuel  formado  por uma população flutuante de aproximadamente 40 a 50 famílias,  com forte mestiçagem entre nordestinos e nativos da região, como os Munduruku, Kayabi e remanescentes Apiaká, o surgimento desse aglomerado surgiu  em 1.901, resultado dos fluxos migratórios  ocorrido no interior da Amazônia  durante o ciclo econômico da produção de borracha (hevea brasiliense), sua principal atividade até recente tempo  era a produção aurífera em exploração de garimpo de rio, sufocada pelo Organismo Ambiental Federal em defesa da preservação ambiental. É neste cenário que os Rios Juruena e Teles Pires ou São Manuel se encontrame e se  fundem, desaguando e formando o Rio Tapajós, portanto,  classificados como formadores do Rio Tapajós que banha  em seu curso as cidades de Jacareacanga, Itaituba, Aveiro, Belterra  com sua desembocadura no Rio Amazonas  em frente de Santarém. Antes também banhando muitas Aldeias indígenas.

Sede do Municipio de Jacareacanga - convivência pacífica entre etnias distintas

Outros tributários do Rio Tapajós   que integram a população da região do alto Tapajós, por suas vias de acesso fluvial, são o Rio Cururu, principal curso d´agua do interior da Terra Indígena Munduruku. Kadiriri, Kabitutu, Tropas, somente para citar  os que integram aglomerados humanos ribeirinhos denominados de Aldeias nos interiores das duas Terras Indígenas (Munduruku e Sai Cinza), do povo Munduruku, habitantes tradicionais  das florestas e savanas do alto Tapajós, com uma população que presume-se, estimada em quase 20 mil pessoas.

Ilustra-se  uma curiosidade sobre o Rio Cururu, que para preservar seus formadores lá para as lonjuras e brenhas da Serra do Cachimdo, necessitou depois de um estudo  antropologico e cultural além de levantamentos cartoriais  ampliar-se a área da superficie da Terra Munduruku que era de pouco mais de  900 mil hectares, ampliando-se para 2 milhões e trezentos mil hectares. Somente dessa forma salvaria-se da atividade garimpeira degradante,  o principal Rio do interior das Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, onde toma assento  nas ribeiras do Rio a maior densidade demográfica do Povo Indígena que ´constitue a maior população nativa do Pará.

A ESTIAGEM PROLONGADA DA REGIÃO PROVOCA DIFICULDADE DE NAVEGAÇÃO  E ESCASSEZ DE ALIMENTOS

Vídeo gentilmente cedido por Patrícia Garimpeira

Especificamente a população indígena, que tem em sua base alimentar o peixe, encontra-se vivendo atualmente em dificuldade para produzir seu alimento tendo como alvo o peixe; hoje, a única oportunidade de subsistência alimentar  sem outra alternativa aparente senão vejamos:

Até  pouco tempo  mesmo com forte garimpagem na região onde a exceção do Rio Cururu, todos os cursos d'água  foram revolvidos pela faiscação e produção de ouro, o prolongado verão e as condições  climáticas que se oferece estão alongando tempo de distâncias entre os aglomerados indígenas do alto Tapajós,  que distribuem-se  no interior da  Terra Indígena Munduruku, estimando uma população de 11 mil pessoas no entorno desse fabuloso Rio (T. I. Munduruku) que se mobiliza pelos rios  onde  habitam em  suas margens, em  um vai e vem frenético e contínuo  apesar dos fatores de dificuldades,  para visitar para vis

 

parentes, fortalecer vínculos,  pescando, coletando frutos, plantas medicinais,  entre mais de uma centena de Aldeamentos. Esses locais entre um e outro aumentaram a distância de partida e chegada, devido os cursos d’águas com baixo volume, muitas   vezes  com trechos intransponíveis dificultarem a navegação natural, impedindo até Voadeiras acoplada com motores de popa, navegarem, cedendo vez para as voadeiras impulsionadas por motores rabetas, que  prolongam mais o tempo de viagem  por serem pequenos seus motores de diminuto torque com a finalidade de  transportarem muito peso, já que é sabido que o indígena em seus deslocamentos  no interior de suas terras, mobilizam-se com toda a família e cargas. É nessas viagens que muitas vezes são encontrados novos pesqueiros, áreas de abundante caças e coletas, surgindo em pouco espaço de tempo um novo aldeamento, pela fixação de famílias em novo lugar  ainda não ocupado e explorado.

IMAGEM EXTRAÍDA DA WEB - MERAMENTE ILUSTRATIVA

Não seria somente essa situação que hoje trás transtorno para a vida dos famosos Caçadores de Cabeça, como eram chamados os Munduruku em um passado remoto,, quando em batalhas com outras etnias, o troféu da vitória seria trazer na ilharga de seu corpo  a cabeça de um inimigo  vencido.

Imagem extraída da web

A situação que coloca o indígena em extrema dificuldade de alimentos, consiste  na escassez de pescado que com as condições climáticas atuais, concorrendo para acentuada vazante das águas, aquecimento, estão causando a mortandade de  enormes cardumes  sem registro ou precedente na história.

OS JACARÉS DO RIO CURURU, A SUPERPOPULAÇÃO DO ESPÉCIME HOJE SÃO BANQUETES PARA OS URUBÚS – JACARÉ, O PREDADOR QUE VIROU PRESA

Flagrante encaminhado pelo Indígena Carlos Akay

De uma população de Jacarés (Alligatoridae e Caiman Crocodilus) que causavam pânico no Rio Cururu,  hoje a carnificina desse espécime  é vista  nas praias e submersas em grandes quantidades provavelmente devido o aquecimento das águas.

No Rio Cururu a população de Jacarés era tão imensa, que  os répteis apesar do abundante e  piscoso  rio, deixavam o leito dos cursos d’águas que formam o Rio Cururu, para  avançarem ao interior das Aldeias, com a finalidade de  predarem cachorros, patos, galinhas e ocorrendo em tempo distante até ataques a crianças e idosos. Tal superpopulação de Jacarés  preocupava os indígenas, devido a redução   da oferta  natural do pescado nos rios obrigando a Funai de Itaituba em meados de 1996,  buscar providências junto ao Organismo Ambiental Federal/IBAMA em Brasília, para que fosse recebido  autorização para  controlar a população,  abatendo na forma que a lei dispusesse, e praticar em defesa da população indígena o comércio de suas peles. Como não ocorreu anuência estatal a população de Jacarés continuou a crescer  sem controle, no entanto, eis que surge hoje um controlador natural que colocou termo na situação. Surgindo  atualmente, como exemplo de controle a força da natureza contra os répteis no curso do Rio Cururu devido as condições  de águas baixas que proporcionam provavelmente o seu aquecimento  matando e destruindo também, outras  vidas aquáticas de suma importância para a dieta  alimentar dos indígenas; esclarecendo que a carne de Jacaré não é apreciada pelo silvícola Munduruku.  É comum  ser visto  nas praias da região  revoadas de urubus se banqueteando com a oferta  generosa de Jacarés, Pirararas, Tucunarés, Matrinxãas, entre outros, enquanto isso a captura das vidas aquáticas de peixes que ainda restam é dificultada vez que diminuiu assustadoramente a população de vidas aquáticas nos rios do alto Tapajós através de fenômenos naturais como mencionados.

QUAL A ALTERNATIVA DOS INDÍGENAS SEM CONDIÇÕES DE COMPRAREM GALETOS E ENLATADOS NA CIDADE? O QUE FARÃO PARA SE ALIMENTAR, E ALIMENTAREM SEUS FILHOS?

Imagem extraída da web

Com a forte estiagem até os campos onde se encontrariam caças e frutos de época estão impróprios para essa busca, uma vez que nesta época do ano, uma leve fagulha em  pouco tempo se estende a um grande espaço atingido pelo fogo, ficando tudo calcinado havendo muitas vezes o fogo tendo sido ateado acidentalmente com a força do vento propagando por grande extensão, entretanto, informações registram que próprios  indígenas são  acusados de negligenciarem o uso do fogo nesses espaços provocando  incêndios já que ao fazerem comida em suas incursões pelo cerrado à procura de caça, prática do extrativismo e coleta, esquecem de extinguir o fogo que se serviram e o resultado é o pior possível. Após o fogaréu que se forma,   tudo reduz-se à cinzas, e é comum se ver grande quantidade de cadáveres de animais incinerados impróprios para consumo humano.

Imgem extraída da web, meramente ilustrativa

Evidentemente que este problema  já está sendo corriqueiro nesta época do ano, no entanto os problemas de navegação e falta de proteínas para alimentação da população indígena, contra a natureza não se tem muito a fazer já que não se pode  por determinação própria  fazer-se encher os cursos d’água e seus tributários das Terras Indígenas,  contudo buscar-se uma alternativa para suprir em alimentação o povo que encontra-se em risco iminente de exclusão  social e de oportunidade alimentar, isso é um trabalho para o Poder Público constituído, que nesta postagem será instado a tomar conhecimento, vez que como defensor inconteste dos direitos do  povo, o Ministério Público, que tem como Procurador  em Jacareacanga Sua Excelência o Doutor WESLEY BRANTES um dos mais atuantes promotores de Justiça deslocados para Jacareacanga,  que em pouco tempo de atuação no Organismo Estatal, por suas iniciativas de trabalho, desperta a confiança da municipalidade,  saindo  de seu Gabinete para conhecer melhor o que avilta o povo e não esperando somente em ser provocado para atuar nas demandas de proteção ao povo, somente chegarem de forma oficial ao MPPA-Jacareacanga, atuante  em defesa do menos favorecido poderá acionar o município, estado ou Federação a buscarem uma solução alternativa para minorar o sofrimento do povo Indígena, e não é somente esse povo resistente e sim a população de outros  pequenos núcleos  humanos fora das Terras Indígenas, que também padecem,  como Barra de São Manuel, Pedro Colares,  São Martim, Fazenda, Limão entre outras dezenas de aglomerados.

Texto de Walter Tertulino

Revisão a Educadora Selma Almeida 

FONTE/CRÉDITOS: Walter Tertulino / RP
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): Walter Tertulino / RP
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