JACAREACANGA (PA), 27Ago’2024 às 11h30’ – Os Rios Teles Pires ou São Manuel que nasce no Estado do Mato Grosso nas Serras Azul e do Finca Faca, juntamente com o Rio Juruena que nasce no Cerrado em confluência com a Serra dos Parecis/MT se encontram em frente ao centenário aglomerado humano Barra de São Manuel formado por uma população flutuante de aproximadamente 40 a 50 famílias, com forte mestiçagem entre nordestinos e nativos da região, como os Munduruku, Kayabi e remanescentes Apiaká, o surgimento desse aglomerado surgiu em 1.901, resultado dos fluxos migratórios ocorrido no interior da Amazônia durante o ciclo econômico da produção de borracha (hevea brasiliense), sua principal atividade até recente tempo era a produção aurífera em exploração de garimpo de rio, sufocada pelo Organismo Ambiental Federal em defesa da preservação ambiental. É neste cenário que os Rios Juruena e Teles Pires ou São Manuel se encontrame e se fundem, desaguando e formando o Rio Tapajós, portanto, classificados como formadores do Rio Tapajós que banha em seu curso as cidades de Jacareacanga, Itaituba, Aveiro, Belterra com sua desembocadura no Rio Amazonas em frente de Santarém. Antes também banhando muitas Aldeias indígenas.
Sede do Municipio de Jacareacanga - convivência pacífica entre etnias distintas
Outros tributários do Rio Tapajós que integram a população da região do alto Tapajós, por suas vias de acesso fluvial, são o Rio Cururu, principal curso d´agua do interior da Terra Indígena Munduruku. Kadiriri, Kabitutu, Tropas, somente para citar os que integram aglomerados humanos ribeirinhos denominados de Aldeias nos interiores das duas Terras Indígenas (Munduruku e Sai Cinza), do povo Munduruku, habitantes tradicionais das florestas e savanas do alto Tapajós, com uma população que presume-se, estimada em quase 20 mil pessoas.
Ilustra-se uma curiosidade sobre o Rio Cururu, que para preservar seus formadores lá para as lonjuras e brenhas da Serra do Cachimdo, necessitou depois de um estudo antropologico e cultural além de levantamentos cartoriais ampliar-se a área da superficie da Terra Munduruku que era de pouco mais de 900 mil hectares, ampliando-se para 2 milhões e trezentos mil hectares. Somente dessa forma salvaria-se da atividade garimpeira degradante, o principal Rio do interior das Terras Indígenas Munduruku e Sai Cinza, onde toma assento nas ribeiras do Rio a maior densidade demográfica do Povo Indígena que ´constitue a maior população nativa do Pará.
A ESTIAGEM PROLONGADA DA REGIÃO PROVOCA DIFICULDADE DE NAVEGAÇÃO E ESCASSEZ DE ALIMENTOS
Vídeo gentilmente cedido por Patrícia Garimpeira
Especificamente a população indígena, que tem em sua base alimentar o peixe, encontra-se vivendo atualmente em dificuldade para produzir seu alimento tendo como alvo o peixe; hoje, a única oportunidade de subsistência alimentar sem outra alternativa aparente senão vejamos:
Até pouco tempo mesmo com forte garimpagem na região onde a exceção do Rio Cururu, todos os cursos d'água foram revolvidos pela faiscação e produção de ouro, o prolongado verão e as condições climáticas que se oferece estão alongando tempo de distâncias entre os aglomerados indígenas do alto Tapajós, que distribuem-se no interior da Terra Indígena Munduruku, estimando uma população de 11 mil pessoas no entorno desse fabuloso Rio (T. I. Munduruku) que se mobiliza pelos rios onde habitam em suas margens, em um vai e vem frenético e contínuo apesar dos fatores de dificuldades, para visitar para vis
parentes, fortalecer vínculos, pescando, coletando frutos, plantas medicinais, entre mais de uma centena de Aldeamentos. Esses locais entre um e outro aumentaram a distância de partida e chegada, devido os cursos d’águas com baixo volume, muitas vezes com trechos intransponíveis dificultarem a navegação natural, impedindo até Voadeiras acoplada com motores de popa, navegarem, cedendo vez para as voadeiras impulsionadas por motores rabetas, que prolongam mais o tempo de viagem por serem pequenos seus motores de diminuto torque com a finalidade de transportarem muito peso, já que é sabido que o indígena em seus deslocamentos no interior de suas terras, mobilizam-se com toda a família e cargas. É nessas viagens que muitas vezes são encontrados novos pesqueiros, áreas de abundante caças e coletas, surgindo em pouco espaço de tempo um novo aldeamento, pela fixação de famílias em novo lugar ainda não ocupado e explorado.
IMAGEM EXTRAÍDA DA WEB - MERAMENTE ILUSTRATIVA
Não seria somente essa situação que hoje trás transtorno para a vida dos famosos Caçadores de Cabeça, como eram chamados os Munduruku em um passado remoto,, quando em batalhas com outras etnias, o troféu da vitória seria trazer na ilharga de seu corpo a cabeça de um inimigo vencido.
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A situação que coloca o indígena em extrema dificuldade de alimentos, consiste na escassez de pescado que com as condições climáticas atuais, concorrendo para acentuada vazante das águas, aquecimento, estão causando a mortandade de enormes cardumes sem registro ou precedente na história.
OS JACARÉS DO RIO CURURU, A SUPERPOPULAÇÃO DO ESPÉCIME HOJE SÃO BANQUETES PARA OS URUBÚS – JACARÉ, O PREDADOR QUE VIROU PRESA
Flagrante encaminhado pelo Indígena Carlos Akay
De uma população de Jacarés (Alligatoridae e Caiman Crocodilus) que causavam pânico no Rio Cururu, hoje a carnificina desse espécime é vista nas praias e submersas em grandes quantidades provavelmente devido o aquecimento das águas.
No Rio Cururu a população de Jacarés era tão imensa, que os répteis apesar do abundante e piscoso rio, deixavam o leito dos cursos d’águas que formam o Rio Cururu, para avançarem ao interior das Aldeias, com a finalidade de predarem cachorros, patos, galinhas e ocorrendo em tempo distante até ataques a crianças e idosos. Tal superpopulação de Jacarés preocupava os indígenas, devido a redução da oferta natural do pescado nos rios obrigando a Funai de Itaituba em meados de 1996, buscar providências junto ao Organismo Ambiental Federal/IBAMA em Brasília, para que fosse recebido autorização para controlar a população, abatendo na forma que a lei dispusesse, e praticar em defesa da população indígena o comércio de suas peles. Como não ocorreu anuência estatal a população de Jacarés continuou a crescer sem controle, no entanto, eis que surge hoje um controlador natural que colocou termo na situação. Surgindo atualmente, como exemplo de controle a força da natureza contra os répteis no curso do Rio Cururu devido as condições de águas baixas que proporcionam provavelmente o seu aquecimento matando e destruindo também, outras vidas aquáticas de suma importância para a dieta alimentar dos indígenas; esclarecendo que a carne de Jacaré não é apreciada pelo silvícola Munduruku. É comum ser visto nas praias da região revoadas de urubus se banqueteando com a oferta generosa de Jacarés, Pirararas, Tucunarés, Matrinxãas, entre outros, enquanto isso a captura das vidas aquáticas de peixes que ainda restam é dificultada vez que diminuiu assustadoramente a população de vidas aquáticas nos rios do alto Tapajós através de fenômenos naturais como mencionados.
QUAL A ALTERNATIVA DOS INDÍGENAS SEM CONDIÇÕES DE COMPRAREM GALETOS E ENLATADOS NA CIDADE? O QUE FARÃO PARA SE ALIMENTAR, E ALIMENTAREM SEUS FILHOS?
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Com a forte estiagem até os campos onde se encontrariam caças e frutos de época estão impróprios para essa busca, uma vez que nesta época do ano, uma leve fagulha em pouco tempo se estende a um grande espaço atingido pelo fogo, ficando tudo calcinado havendo muitas vezes o fogo tendo sido ateado acidentalmente com a força do vento propagando por grande extensão, entretanto, informações registram que próprios indígenas são acusados de negligenciarem o uso do fogo nesses espaços provocando incêndios já que ao fazerem comida em suas incursões pelo cerrado à procura de caça, prática do extrativismo e coleta, esquecem de extinguir o fogo que se serviram e o resultado é o pior possível. Após o fogaréu que se forma, tudo reduz-se à cinzas, e é comum se ver grande quantidade de cadáveres de animais incinerados impróprios para consumo humano.
Imgem extraída da web, meramente ilustrativa
Evidentemente que este problema já está sendo corriqueiro nesta época do ano, no entanto os problemas de navegação e falta de proteínas para alimentação da população indígena, contra a natureza não se tem muito a fazer já que não se pode por determinação própria fazer-se encher os cursos d’água e seus tributários das Terras Indígenas, contudo buscar-se uma alternativa para suprir em alimentação o povo que encontra-se em risco iminente de exclusão social e de oportunidade alimentar, isso é um trabalho para o Poder Público constituído, que nesta postagem será instado a tomar conhecimento, vez que como defensor inconteste dos direitos do povo, o Ministério Público, que tem como Procurador em Jacareacanga Sua Excelência o Doutor WESLEY BRANTES um dos mais atuantes promotores de Justiça deslocados para Jacareacanga, que em pouco tempo de atuação no Organismo Estatal, por suas iniciativas de trabalho, desperta a confiança da municipalidade, saindo de seu Gabinete para conhecer melhor o que avilta o povo e não esperando somente em ser provocado para atuar nas demandas de proteção ao povo, somente chegarem de forma oficial ao MPPA-Jacareacanga, atuante em defesa do menos favorecido poderá acionar o município, estado ou Federação a buscarem uma solução alternativa para minorar o sofrimento do povo Indígena, e não é somente esse povo resistente e sim a população de outros pequenos núcleos humanos fora das Terras Indígenas, que também padecem, como Barra de São Manuel, Pedro Colares, São Martim, Fazenda, Limão entre outras dezenas de aglomerados.
Texto de Walter Tertulino
Revisão a Educadora Selma Almeida
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